sábado, 23 de novembro de 2013

Hotel California

Daniel Dante caminhava meio cambaleante pela estrada. Não se lembrava de muita coisa, se lembrava da chuva batendo no para-brisa de seu carro, a mesma chuva que caia agora, cegando-o, se lembrava de derrapar na curva e acima de tudo, da arvore acertando seu carro. Não sabia quanto tempo ficou inconsciente. Quando acordou viu que seu celular estava sem bateria e que a batida arruinara seu motor. Estava tarde da noite, quão tarde não sabia e a estrada deserta, só sobrava andar em frente na esperança de achar uma carona ou algum lugar para dormir ou ao menos chamar o guincho.
Daniel avistou o hotel depois de alguns minutos de caminhada. Era um prédio baixo e robusto, com apenas três andares, mas largo, a tinta era de um amarelo pastel que começava a desbotar. Ao lado ficava um pequeno estacionamento que nada mais era do que um terreno baldio com um poste sustentando um letreiro de neon em que se lia Hotel Califórnia.
Sem melhores opções Daniel caminhou até o hotel, abriu a porta dupla de madeira e entrou na recepção. Não havia ninguém lá além dele e uma mulher velha e gorda, que devia ser a recepcionista, lendo uma revista atrás do balcão. A sala era pequena e simples, contava com um circulo de sofás e poltronas ao redor de uma mesa coberta de revistas e panfletos, um ar-condicionado meio velho e o já citado balcão. A mulher estava tão absorvida pela leitura que só notou Daniel quando ele se encostou no balcão e pigarreou.
-Desculpe senhor, não notei você chegando, você tem reserva?
-Não, meu carro bateu e eu to sem celular, então eu vim pra cá ver se tem como eu ligar pra pedir um guincho.
-Desculpa senhor, mas tem algum problema com a telefonia aqui, é essa tempestade, eu acho.
-Ok, então tem como eu alugar um quarto pra passar a noite?
-Pode ser, tem um vago aqui no térreo, pode ser?
-Pode.
-Perfeito, só preencha o formulário, por favor.
Daniel preencheu o formulário, pegou a chave e entrou no quarto e sem pensar duas vezes tirou suas roupas ensopadas e se jogou na cama.

No dia seguinte Daniel acordou tarde, era quase meio-dia; perdi o café da manhã, porra; pensou. Depois de tomar banho e se vestir Daniel saiu do quarto esperando que agora poderia ligar para pedir o guincho e ver se conseguia um taxi para a cidade para onde estava indo, Caxias do Sul. Seu chefe queria abrir uma loja lá e mandou ele achar um terreno e ele acabou num hotelzinho no meio do nada.